Vila Velha (ES) – “Com Maria, Peregrinos da Luz”. Este foi tema que iluminou o sétimo e penúltimo dia do Oitavário da Festa da Penha 2025. Na tarde deste sábado, a programação do Oitavário “se despediu” do Campinho do Convento e, a partir da noite deste dia, seguirá com as grandes concentrações no Parque da Prainha. Como ocorreu desde o domingo, às 15h, seguiu-se com a celebração do Oitavário. A agem bíblica que iluminou a reflexão foi do Evangelho de São Mateus (Mt 5,13-16), na qual Jesus define seus discípulos como “sal da terra e luz do mundo”.

A reflexão do dia foi dirigida por Frei Jorge Lázaro, da Fraternidade do Convento, que iniciou sua fala pedindo a todos que entoassem o refrão: “Ó Luz do Senhor, que vem sobre a terra, inunda meu ser, permanece em nós”.  Em seguida, explicou o sentido bíblico da luz: “É um símbolo muito poderoso, que para nós, cristão, representa a presença de Deus, a verdade, a sabedoria, a vida. E neste tempo da Páscoa, nós sempre celebramos a missa com a presença do Círio Pascal aceso no Sábado Santo, representando a Luz do Cristo, que nos ilumina e nos orienta na busca de Deus e também na certeza da Ressurreição de Cristo e da nossa. Em diversas agens, a luz é associada à revelação divina e à orientação espiritual, contrastando com as trevas que simbolizam a ignorância, o pecado e a morte”, explicou.

Também atualizou o significado da orientação de Jesus no Evangelho quando define o cristão como “luz do mundo”. “Ser luz é mais do que apenas uma afirmação. É um verdadeiro chamado para todos nós cristãos para refletir o amor e a verdade de Cristo em um mundo que muitas vezes parece estar mergulhado na escuridão. Jesus é a fonte desta luz e, como seus discípulos, devemos ser um reflexo do seu amor”, afirmou. Inspirado no Papa Francisco, Frei Jorge também comentou sobre os desafios atuais para que os cristãos testemunhem a verdadeira Luz: “Em uma sociedade onde os valores são frequentemente distorcidos, nós, cristãos, somos chamados a viver de maneira diferente. O Papa Francisco sempre nos recordava que devíamos nadar contra a corrente em um mundo anti-evangélico”. Em seguida, mencionou a oração de São Francisco como fonte de inspiração: “Onde houver trevas, levemos a luz”. Na sequência, houve o canto da ladainha e a bênção das velas, simbolizando o compromisso individual e coletivo que os fiéis têm de serem luz no mundo.

A Romaria da Diocese de Cachoeira de Itapemirim foi acolhida pelo Guardião do Convento, Frei Gabriel Dellandrea, que destacou a grande quantidade de padres e seminaristas que vieram em companhia do Arcebispo, Dom Luiz Fernando Lisboa. No início da celebração, houve um momento especial de recordação do Martírio da Irmã Cleusa Carolina Rody Coelho, religiosa Agostiniana Recoleta nascida em Cachoeiro de Itapemirim, em 12 de novembro de 1933. Irmã Cleusa era professora e tornou-se missionária na Prelazia de Lábrea, no Amazonas, tendo assumido a causa da defesa dos povos indígenas, opção que a levou a ser morta de forma violenta no dia 28 de abril de 1985. Este ano, portanto, celebram-se os 40 anos de seu martírio. Seu processo de beatificação já foi iniciado. “Mataram o corpo de Cleusa, mas ela continua viva no coração dos povos originários, em nossa querida missão em Lábrea, na Prelazia, que está completando cem anos, no povo de Deus de Vitória, de Cachoeiro, de Colatina, de tantos lugares onde Cleusa ou. Oxalá o testemunho de Irmã Cleusa nos fortaleça em nossa missão”, exortou a comentarista.

Em sua homilia, o Arcebispo emocionou a assembleia ao propor, em forma de oração e diálogo com Nossa Senhora da Penha, uma bela homenagem ao Papa Francisco: “Sabemos, Mãe, que a Senhora acolhe todos os filhos e filhas que a vós recorrem, os vossos santuários espalhados pelo mundo inteiro. Com tantos nomes e títulos, são como um colo de Mãe que acolhe, que consola, que acalma, que aponta o caminho. E o caminho é Jesus, o filho que a senhora gerou e deu ao mundo. Hoje, mãe, no vosso Santuário de Santa Maria Maior, lá em Roma. A senhora acolheu no seu colo um peregrino que a visitou tantas vezes para pedir proteção e para agradecer a proteção. Obrigado, por acolher o Papa Francisco em seu regaço de Mãe. Peço licença, Mãe, para fazermos uma pequena homenagem a esse filho ilustre que a senhora recebeu definitivamente hoje. Convido a todos e todas para ficarmos um instante de pé. E para darmos uma bonita salva de palmas ao nosso querido Papa Francisco”, convidou, sendo respondido por um caloroso aplauso.

Dom Luiz também recordou alguns dos sonhos e convites mais importantes do Papa Francisco em relação à Igreja: “A sermos uma igreja pobre para os pobres. A sermos uma Igreja em saída, rumo às periferias geográficas e existenciais. A sermos uma Igreja que tenha coragem de se enlamear os pés ao invés de ficar fechada e autorreferenciada. De sermos uma Igreja sinodal, que caminha junto, onde todos e todas tenham participação efetiva. De sermos uma Igreja que acolhe todos, todos, todos. De sermos uma Igreja-Povo de Deus, onde temos serviços e ministérios diferentes, mas nos igualamos pelo nosso Batismo. De sermos uma Igreja Peregrina de Esperança, num mundo com tanto sofrimento, violações, fome, guerra. De sermos uma Igreja profética, samaritana, comiva, misericordiosa. De sermos uma Igreja que muda, que não tem medo de mudar”, acrescentou. Segundo Dom Luiz, para continuar sendo a mesma igreja de Jesus, não poderemos nos esquecer das Cartas de Francisco, dos documentos, encíclicas, homilias, orientações.

Pouco depois do encerramento da Missa da Romaria de Cachoeiro do Itapemirim, no Campinho do Convento, às 18h, na Catedral de Vitória, teve início a Missa de envio da Romaria dos Homens. O ato religioso deve reunir cerca de 500 mil pessoas que caminharão cerca de 15 quilômetros até o Parque da Prainha, onde haverá missa presidida pelo Arcebispo de Vitória, Dom Ângelo Ademir Mezzari.

Equipe de comunicação da Festa da Penha:
Frei Augusto Luiz Gabriel, Frei Gustavo Medella, Frei Roger Strapazzon