Vila Velha (ES) – Cerca de 100 mil fiéis lotaram as ruas do Centro de Vila Velha na Romaria das Mulheres da festa da Penha 2025, que neste ano alcança sua edição de número trinta. Concentradas junto ao Santuário do Divino Espírito Santo, a caminhantes saíram, a partir das 15h, em Peregrinação para o Parque da Prainha. O percurso foi acompanhado pelo Guardião, Frei Gabriel Dellandrea, que participou com entradas ao vivo transmitidas pela TV, pela internet e nos telões instalados no Parque. A chegada ocorreu por volta das 17h, quando a imagem foi acolhida pela multidão que já se concentrava no local. Chegou ao palco acompanhada pelos frades e trazida por mulheres. O cortejo foi anunciado por toque solene de clarins e trompetes. Momento marcado sempre por grande emoção.

Além da Romaria das Mulheres, o Palco da Prainha acolheu também a conclusão de outro percurso espiritual, o do Oitavário, que chegou em seu último dia. O tema do dia foi o mesmo da Festa: “Com Maria, Peregrinos de Esperança”. Durante os oito dias, foram refletidos os seguintes temas: amor, caridade, fé, cuidado, comunicação, amizade, luz e esperança. Para auxiliar na reflexão, trechos bíblicos do Novo Testamento. Fizeram parte do momento devocional a Loa de Nossa Senhora da Penha, que conta a história de Frei Pedro Palácios e da imagem de forma musicada, a ladainha e a bênção de diferentes itens, um escolhido para cada dia.

A reflexão foi conduzida pelo Vigário Provincial, Frei Gustavo Medella, que pediu licença para falar próximo da Imagem de Nossa Senhora da Penha e explicou que as flores depositadas aos pés de Nossa Senhora podem simbolizar os sonhos que os fiéis apresentam à Mãe, na certeza de que serão levados a seu Filho, Jesus. “As pessoas entregam os sonhos à Mãe e o que elas levam de volta? Esperança”, explicou recordando que a Esperança, conforme diz São Paulo “não decepciona” (Rm 5,5). “É verdade que a Esperança não decepciona. E, como ela é uma virtude que nos lança para frente, também é correto dizer que a Esperança não nos estaciona”, completou. “Não se trata de uma virtude iva, que nos leva à acomodação. Ao contrário, nos conduz à ação”, frisou. “Santo Agostinho afirmou que a Esperança possui duas filhas: a Indignação e a Coragem. A indignação para não aceitas as coisas como estão e a coragem para mudá-las”, afirmou.

A partir da ideia de Santo Agostinho, Frei Gustavo convidou as mulheres a assumir uma atitude de resistência e reação diante de muitas realidades de violência e agressão que sofrem. “Diante de Nossa Senhora e em nome de todos os homens, peço perdão a vocês mulheres por todo gesto de violência e humilhação que nós realizamos contra vocês. Mães, eduquem seus filhos desde pequeno para que respeitem e valorizem as mulheres”, pediu. O pregador também criticou a realidade à qual chamou de “Ditadura da Vaidade”. “Quantas mulheres se colocam em risco, perdem a saúde por conta de procedimentos duvidosos oferecidos por gente mais interessadas no recurso do que no bem da pessoa”, questionou. “Vocês são belas e amadas por Deus do jeito que são”, concluiu.

Por último, Frei Gustavo recordou a figura do Papa Francisco como “grande amigo das mulheres”, mencionando as decisões ousadas do Santo Padre na inclusão de mulheres em altos cargos da hierarquia do Vaticano, além da insistência em afirmar que a Igreja caminha graças à presença e ao empenho das mulheres. Numa forte salva de palmas, as participantes prestaram sua homenagem ao Santo Padre.

A missa foi presidida pelo Vigário Geral da Arquidiocese, Padre Jorge Campos Ramos. No início da homilia, Padre Jorge ensinou que a saudação “O Senhor esteja convosco”, utilizada em todas as missas, é uma saudação pascal e que, assim como podemos dizer que Jesus está no meio do povo, Maria também está. “Também hoje, de forma muito especial, queremos saudar Nossa Senhora. Nossa Senhora esteja convosco. Ela está no meio de nós, assim como estava com os discípulos no Cenáculo no dia de Pentecostes. Celebramos nesta oitava as Alegrias de Nossa Senhora pela Ressurreição de seu Filho. Todos nós, com Maria, somos ‘Peregrinos de Esperança na Ressurreição’”, explicou, provocando o público com a expressão “Nossa Senhora esteja convosco”, sendo respondido com vozes uníssonas e fortes: “Ela está no meio de nós”.

Ele também contextualizou a celebração do Domingo da Misericórdia, que ocorre sempre no Domingo da Páscoa: “Hoje é o domingo do perdão, da reconciliação, do amor misericordioso do Pai revelado em Cristo no mistério da Cruz. Cantamos no salmo de meditação: ‘Dai graças ao Senhor, porque Ele é bom! Eterna é a sua misericórdia’. É o domingo da Divina Misericórdia, instituído por São João Paulo II no ano 2000. O próprio Senhor revelou a Santa Faustina, em suas experiências místicas, seu desejo de que, no segundo domingo da Páscoa, fosse celebrada a Festa da Misericórdia”.

Utilizando-se do ensinamento de Jesus a Tomé, que precisou “ver para crer”, Padre Jorge atualizou a importância do “crer sem ver” para a vida de fé do cristão hoje, apresentando a postura de Maria como exemplo: “Acreditar sem ver. Esse é o desafio de todos os homens e mulheres de todos os tempos. Vejam senhoras e senhores. Jesus apareceu para sua Mãe após a ressurreição como apareceu aos apóstolos? Não. Os Evangelistas não mencionam nenhuma aparição para Maria. Atenção! As aparições para os apóstolos não eram um privilégio, um benefício exclusivo. As aparições eram correções, repreensões, advertências. Maria não precisou ver para crer”, ressaltou.

Além da Romaria das Mulheres, neste mesmo domingo houve a realização da Moto Romaria, que reuniu centenas de motociclistas que fizeram um percurso que teve início no Município de Viana e chegou pelas 10h no Parque da Prainha, onde os participantes foram recepcionados com a bênção dos freis e a aspersão de água benta.  Na parte da manhã, ocorreram ainda a Romaria da Diocese de Colatina e a Remaria, a Romaria dos Remadores.

Nesta segunda-feira, 28 de abril, dia de Nossa Senhora da Penha, o Convento a a madrugada aberto, com missa a cada hora. Destaque do Dia da Padroreira são, também, a Romaria das Bandas de Congo, que sobem até o Campinho, embaladas por tambores e casacas, e a missa de encerramento, que reúne uma multidão no Parque da Prainha.

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Equipe de comunicação da Festa da Penha:
Frei Augusto Luiz Gabriel, Frei Gustavo Medella, Frei Roger Strapazzon